30 março, 2007

O paradigma da estupidez


Não somos, neste Blog, contra o debate de ideias, por mais absurdas que algumas pareçam. Mas, parece-nos, que tudo deve ter limites e quando alguém os ultrapassa, em Ciência ou noutra área qualquer, há que tentar clarificar o que é razoável.

Tudo isto tem a ver com a polémica recente acerca do Criacionismo (incluindo neste a versão moderna auto-intitulada de Design Inteligente) e do seu avanço em Portugal, a pretexto de que o Criacionismo deve ser ensinado, na Biologia e Geologia, como contraponto às Teorias Evolucionistas. Recentemente divulgámos neste Blog um Colóquio, organizado pelo Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa, no dia 21.03.2007, em Lisboa. Houve muita gente (vide Blog De Rerum Natura) que achou que não se devia, sequer, dialogar com criacionistas (coisa que nós achamos excessiva, no contexto em causa, mas que entendemos...).

Agora o jornal científico on-line Ciência Hoje (que sugerimos que se passe a chamar Quase Sempre Ciência Hoje) publica uma pérola da sabedoria, intitulada O paradigma naturalista, de autoria de um obscuro professor universitário de Coimbra (...de Direito...!) e um dos mais reputados criacionistas portugueses, de seu nome Jónatas Machado. O senhor em causa tem o direito de escrever o que lhe apetece ou de acreditar no que lhe dá na real gana (o meu filho, pouco antes de fazer 5 anos, ainda acreditava no Pai Natal...). Agora parece-me abusivo que aldrabices não-científicas sejam escarrapachadas em jornais científicos, seja com qualquer pretexto que invoquem os responsáveis da revista, seja porque lhes apeteceu...

Aliás, pergunte-se ao tal senhor se um qualquer cientista português pode escrever textos nas revistas da sua faculdade (FDUC) atacando princípios constitucionais (ou defendendo o racismo, xenofobia ou o fim da liberdade religiosa...). Ou se o pastor da sua Igreja (ou lá o que é...) aceita que, quando prega aos fiéis, os cientistas o interrompam e expliquem as Teorias Evolucionistas... Ou, ainda, se nas revistas religiosas que publicam, ou mesmo nos seus sites que agora começam a ver-se por aí, em contraponto às patranhas criacionistas, pedem a geólogos ou biólogos que expliquem o Neo-Darwinismo... É claro que a resposta é um rotundo NÃO...

Então o porquê de uma revista, até agora respeitável, se meter nestas confusões...? Não cabe a nós descobrir o porquê deste embaraço (e da forma como se irão livrar dele...) mas estamos curiosos no desenvolvimento da polémica. Até porque no Conselho Científico da revista estão pessoas que não deverão deixar o caso tal como ficou...


Nota/Adenda: o artigo de opinião foi, hoje, dia 01.04.2007, retirado do Ciência Hoje...!

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